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Crescimento do ensino superior e desafios financeiros – Um avanço ameaçado pela crise no financiamento estudantil

Crescimento do ensino superior e desafios financeiros: apesar de um aumento de 5,6% nas matrículas entre 2022 e 2023, dificuldades econômicas colocam em risco a permanência dos alunos nas universidades.




Dados do crescimento no ensino superior entre 2022 e 2023

Segundo os últimos dados do Censo da Educação Superior, o Brasil registrou um aumento de 5,6% nas matrículas em cursos de graduação entre 2022 e 2023. Esse crescimento reflete uma recuperação pós-pandemia e o fortalecimento de novas modalidades de ensino, como a Educação a Distância (EAD).

Principais cursos e modalidades

  • Cursos como Pedagogia, Administração, Direito e Enfermagem lideram as matrículas

  • A EAD representa mais de 60% das novas matrículas, sendo o principal motor do crescimento

  • O ensino presencial permanece relevante em áreas práticas como saúde e engenharia


Fatores que impulsionaram o crescimento das matrículas

Expansão do EAD

  • Redução de custos para alunos e instituições

  • Flexibilidade de horários para trabalhadores e mães solo

  • Investimento em plataformas digitais e tutoria ativa

Novas políticas de acesso

  • Expansão de bolsas do Prouni

  • Criação de novos programas como o Pé-de-Meia, voltado para permanência no ensino médio com impacto futuro no ensino superior

  • Ampliação de parcerias entre instituições privadas e municípios


Panorama atual do ensino superior no Brasil

O Brasil tem hoje mais de 8,7 milhões de alunos matriculados em cursos de graduação, distribuídos entre cerca de 2.500 instituições públicas e privadas.

Participação pública vs. privada

  • 75% das matrículas estão em instituições privadas

  • As públicas concentram a maioria dos cursos presenciais de maior prestígio

  • A disparidade regional é grande: o Norte e o Nordeste ainda enfrentam baixa cobertura educacional


Perfil dos estudantes ingressantes

Faixa etária, renda e local de origem

  • A maioria tem entre 18 e 24 anos

  • Mais de 60% declaram renda familiar de até três salários mínimos

  • Muitos vêm de famílias sem histórico de ensino superior

Primeira geração no ensino superior

Estudantes que são os primeiros da família a ingressar em uma universidade enfrentam barreiras adicionais, como dificuldade de adaptação, apoio limitado e desafios financeiros crescentes.


Acesso versus permanência: o grande desafio

Embora o acesso tenha sido ampliado, o principal gargalo do ensino superior brasileiro é a permanência dos alunos.

Alta evasão

A evasão no ensino superior gira em torno de 35% a 40% nos cursos presenciais, chegando a 50% no EAD.

Motivos da desistência

  • Dificuldades financeiras

  • Necessidade de trabalhar em tempo integral

  • Falta de apoio acadêmico e emocional

  • Insegurança sobre a escolha do curso

Crise no financiamento estudantil

Apesar do aumento nas matrículas, o setor enfrenta uma crise significativa no financiamento estudantil, colocando em risco a permanência de milhares de estudantes nas instituições de ensino superior.

Dificuldades com FIES, crédito privado e bolsas

  • O FIES perdeu força nos últimos anos, com menos contratos firmados e aumento da inadimplência

  • Muitos estudantes não conseguem se enquadrar nos critérios ou não têm garantias para financiar seus estudos

  • O crédito universitário privado, apesar de crescente, ainda não atende a todos os perfis de renda

Queda na adesão e inadimplência

Entre 2015 e 2023, o número de novos contratos do FIES caiu mais de 70%. Paralelamente, o índice de inadimplência chegou a quase 50% dos beneficiários ativos, o que gera desequilíbrio para instituições e insegurança para novos estudantes.


Impactos da crise financeira nas IES privadas

As instituições privadas, que concentram a maior parte das matrículas no país, também enfrentam desafios decorrentes da crise econômica.

Redução de receita

Com o aumento da inadimplência e a saída de alunos, muitas faculdades tiveram que:

  • Reduzir turnos e turmas

  • Suspender contratações e investimentos

  • Cortar bolsas institucionais

Efeitos no corpo docente e estrutura

  • Redução de carga horária para professores

  • Fusão de departamentos

  • Enfraquecimento da qualidade em cursos menos procurados


Evasão e inadimplência: números preocupantes

Taxas nacionais

  • Evasão no ensino superior privado: até 39% em algumas regiões

  • Inadimplência média: 22% a 28% nas mensalidades

  • No EAD, os índices são ainda mais altos, afetando principalmente estudantes de baixa renda

Diferenças regionais

As regiões Norte e Nordeste enfrentam os maiores desafios, com maior vulnerabilidade socioeconômica e menor acesso a programas de apoio financeiro.


Como a pandemia afetou o financiamento da educação

A pandemia de COVID-19 agravou a situação financeira de milhões de famílias, impactando diretamente o ensino superior.

Renda familiar e desemprego

  • Milhares de estudantes perderam renda familiar ou o emprego

  • Muitos foram obrigados a abandonar os estudos para trabalhar

  • A insegurança econômica levou à priorização de gastos essenciais em vez da educação

Endividamento dos estudantes

Sem acesso a crédito público ou privado, muitos estudantes recorreram a empréstimos informais, criando um ciclo de endividamento que os impede de concluir os estudos.


Políticas públicas para evitar a evasão

Prouni e Pé-de-Meia

  • Expansão do Prouni com novas regras de inclusão

  • Criação do Pé-de-Meia, programa de poupança para estudantes do ensino médio que pode facilitar a transição para o ensino superior

Bolsas estaduais e iniciativas locais

  • Alguns estados lançaram bolsas de permanência e redução de mensalidade

  • Parcerias entre governos locais e faculdades têm gerado programas de fidelização com subsídios temporários


Propostas de soluções sustentáveis para o setor

Para garantir o crescimento com qualidade e equidade, especialistas sugerem:

  • Criação de fundos garantidores públicos e privados

  • Expansão do cofinanciamento entre União, estados e IES

  • Implantação de modelos de pagamento vinculados à renda futura (como na Austrália e Reino Unido)


Experiências internacionais de financiamento estudantil

Austrália

  • Modelo “income-contingent loan”: o estudante paga conforme a renda após formado

Chile

  • Programa “Gratuidad”: universidades públicas oferecem ensino gratuito conforme critérios sociais

Estados Unidos

  • Financiamento estudantil robusto, mas altamente endividante, com debates sobre anistias e limites de juros

Esses modelos oferecem lições sobre acesso, sustentabilidade e responsabilidade compartilhada entre Estado, instituições e estudantes.


Como as instituições estão se adaptando ao novo cenário

  • Redução nas mensalidades para novos alunos

  • Criação de modelos modulares e microcertificações

  • Programas de fidelização com bônus, mentorias e bolsas internas

  • Plataformas digitais de acompanhamento financeiro e acadêmico


Tecnologia como apoio à permanência

Ensino híbrido mais acessível

  • Flexibilização de horários

  • Redução de custos com transporte e alimentação

Plataformas de gestão e apoio financeiro

  • Alertas sobre vencimento de mensalidades

  • Negociação automática de dívidas

  • Orientações sobre acesso a crédito estudantil


Perspectivas para os próximos anos no ensino superior

Com a recuperação econômica e o avanço de programas sociais, há expectativa de que o ensino superior continue crescendo, mas de forma mais sustentável e inclusiva.

Projeções de matrículas

  • Estimativa de 10 milhões de matrículas até 2030

  • Predomínio do EAD e crescimento da oferta híbrida

Novos modelos de financiamento

  • Pagamento pós-formação

  • Parcerias público-privadas

  • Incentivos fiscais para doações a fundos educacionais


FAQs sobre crescimento e crise financeira no ensino superior

1. O ensino superior cresceu em 2023?
Sim, com aumento de 5,6% nas matrículas, especialmente na EAD.

2. Qual o maior desafio atualmente?
Garantir que os estudantes consigam permanecer e concluir os cursos, apesar das dificuldades financeiras.

3. O FIES ainda existe?
Sim, mas está em reformulação e com menor alcance do que em anos anteriores.

4. Quais alternativas ao FIES?
Crédito universitário privado, Prouni, bolsas institucionais e iniciativas estaduais.

5. A evasão está alta?
Sim. Em algumas instituições privadas, chega a 40%.

6. Como os alunos podem evitar a evasão?
Buscando apoio financeiro, aproveitando bolsas e mantendo diálogo com a instituição.


Conclusão

O crescimento das matrículas no ensino superior brasileiro entre 2022 e 2023 é um dado animador. No entanto, ele caminha lado a lado com desafios financeiros severos, que ameaçam o sonho de milhões de estudantes de concluir sua formação.

Garantir permanência exige políticas públicas robustas, inovação no financiamento estudantil e responsabilidade compartilhada entre Estado, instituições e sociedade civil. Sem isso, o avanço poderá ser apenas aparente — e o futuro, comprometido.

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