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Por Que a Educação Ainda Emperra o Desenvolvimento Humano do Brasil no Ranking da ONU? Entenda os Fatores-Chave



O Brasil é uma das maiores economias do mundo, com vasta riqueza natural, diversidade cultural e um mercado em expansão. Ainda assim, o país segue estagnado ou em ritmo lento nos rankings globais de desenvolvimento humano, como os divulgados pela Organização das Nações Unidas (ONU). E um fator tem peso central nessa estagnação: a educação.

De acordo com o último Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) da ONU, o Brasil ocupa uma posição intermediária, atrás de países com PIB menor e menos recursos disponíveis. O motivo? Entre outros, baixa qualidade do ensino básico, evasão escolar e desigualdades regionais profundas.

Neste artigo, vamos explorar em profundidade como a educação afeta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quais são os principais entraves educacionais brasileiros, o que os números revelam, e como o país pode mudar essa realidade com políticas efetivas e inclusivas.


O que é o IDH e como a educação entra na conta?

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é uma medida criada pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) que avalia o progresso dos países com base em três dimensões:

  • Longevidade: expectativa de vida ao nascer;

  • Renda: PIB per capita ajustado ao poder de compra;

  • Educação: anos médios de estudo e expectativa de anos de escolaridade.

A educação, portanto, representa 1/3 do cálculo do IDH, mas influencia indiretamente as outras duas dimensões. Países com melhor escolarização tendem a ter melhores indicadores de saúde e maior renda média.


Onde o Brasil falha: os números da educação que impactam o IDH

O relatório da ONU revela que o Brasil apresenta desempenho abaixo da média quando o assunto é escolaridade. Veja os dados que pesam negativamente no ranking:

  • Anos médios de estudo da população adulta: 8,0 anos (em países desenvolvidos, a média ultrapassa 12 anos);

  • Expectativa de anos de escolaridade: 15,4 anos (ideal seria 17 ou mais);

  • Taxa de analfabetismo funcional: mais de 25% da população não compreende plenamente o que lê;

  • Evasão escolar no ensino médio: cerca de 17%;

  • Baixo desempenho no PISA (avaliação da OCDE): o Brasil figura entre os últimos colocados em matemática, leitura e ciências.

Esses números colocam o Brasil na 89ª posição no ranking de IDH, atrás de países como Argentina, Chile, Uruguai e até de nações com menos recursos como Albânia e Sri Lanka.


As causas estruturais da crise educacional brasileira

Vários fatores contribuem para que a educação continue sendo um gargalo para o desenvolvimento humano no Brasil:

Desigualdade regional e social

O acesso à educação de qualidade varia enormemente entre estados. Enquanto estudantes do Sul e Sudeste têm escolas com mais infraestrutura, professores qualificados e recursos digitais, no Norte e Nordeste a realidade é bem diferente. Isso acentua a desigualdade de oportunidades desde a infância.

Infraestrutura precária

Muitas escolas públicas não possuem bibliotecas, laboratórios ou acesso à internet. A falta de estrutura física adequada impacta diretamente a motivação dos alunos e a eficácia do ensino.

Formação e valorização dos professores

A carreira docente no Brasil é marcada por baixos salários, excesso de carga horária e pouco reconhecimento. Muitos professores atuam em áreas fora da sua formação, especialmente nas regiões mais carentes.

Baixa permanência escolar

A evasão escolar no ensino médio é alarmante. Fatores como trabalho precoce, gravidez na adolescência e violência urbana contribuem para a saída precoce da escola.


Consequências da má educação para o desenvolvimento humano

Quando um país falha em educar sua população, as consequências reverberam por toda a sociedade:

  • Baixa produtividade no mercado de trabalho;

  • Maior taxa de informalidade e desemprego juvenil;

  • Menor participação política e cidadã;

  • Aumento da desigualdade de renda e exclusão social;

  • Reforço ao ciclo de pobreza intergeracional.

A má educação perpetua um ciclo em que os mais pobres continuam sem acesso às oportunidades que poderiam mudar sua realidade.


O que o Brasil precisa fazer para melhorar seu IDH via educação?

Para transformar a educação em uma alavanca de desenvolvimento humano, o país precisa ir além de promessas e investir em ações concretas. Algumas prioridades são:

1. Universalizar a educação infantil com qualidade

A base do aprendizado começa nos primeiros anos de vida. Investir em creches e pré-escolas é garantir um ponto de partida mais justo para todos.

2. Reduzir a evasão no ensino médio

Com currículos mais flexíveis, ensino técnico integrado e apoio financeiro (como o Pé-de-Meia), o jovem pode se ver motivado a continuar estudando.

3. Valorizar o professor

Salários mais justos, formação continuada, plano de carreira e respeito profissional são essenciais para atrair e manter bons educadores.

4. Tecnologia como aliada

Expandir o acesso à internet e dispositivos digitais, especialmente em regiões vulneráveis, pode equilibrar o acesso ao conteúdo educacional.

5. Integrar escola e comunidade

Projetos que envolvem famílias, ONGs, universidades e setor privado ampliam o impacto da educação.


Oportunidades perdidas: o Brasil está desperdiçando seu bônus demográfico

Com uma das maiores populações jovens do mundo, o Brasil vive o chamado bônus demográfico — um momento em que há mais pessoas em idade produtiva do que idosos ou crianças. Esse é o melhor momento para investir em educação.

Se o país não conseguir qualificar essa juventude, desperdiçará a chance de crescer com sustentabilidade, inovação e inclusão. É agora ou nunca.


Conclusão

O desenvolvimento humano do Brasil está emperrado, e a chave para destravar esse cenário está, sem dúvida, na educação. Os dados da ONU não mentem: enquanto o país não garantir ensino de qualidade para todos, o progresso continuará desigual, limitado e injusto.

Mais do que reformar escolas, é preciso reformar mentalidades e compromissos políticos. O investimento em educação não é gasto — é a única saída para um futuro mais digno, próspero e humano.

O Brasil tem potencial, juventude e diversidade. O que falta é vontade de colocar a educação onde ela sempre deveria estar: no centro do projeto de nação.


Perguntas Frequentes

Qual é a posição atual do Brasil no ranking da ONU?
O Brasil está na 89ª posição no ranking global de IDH, segundo o último relatório da ONU.

O que pesa negativamente no IDH do Brasil?
Baixa escolaridade média, evasão escolar, desigualdade no acesso à educação e baixo desempenho em avaliações internacionais.

A educação representa quanto no IDH?
Um terço da nota do IDH é composta por indicadores educacionais.

Como o Brasil pode melhorar o IDH via educação?
Com ações como valorização dos professores, combate à evasão, investimento em educação infantil e ampliação do ensino técnico.

Por que outros países com menos recursos têm IDH melhor?
Eles priorizam políticas públicas eficazes, aplicam melhor seus recursos e mantêm continuidade nos programas educacionais.

A educação influencia outros aspectos do IDH?
Sim. Melhora a renda média e a expectativa de vida, pois impacta saúde, emprego e qualidade de vida.

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