A declaração, embora direta, representa muito mais do que uma opinião. Ela é um manifesto em defesa do educador como figura central no processo de aprendizagem — mesmo em um cenário onde a IA está cada vez mais presente. Neste artigo, vamos entender o que Sal Khan quis dizer, como a inteligência artificial está sendo integrada nas escolas, e por que o papel do professor é insubstituível.
Quem é Sal Khan?
Salman Khan, mais conhecido como Sal Khan, é educador, empreendedor e fundador da Khan Academy, uma plataforma online gratuita que democratizou o acesso ao conhecimento. Criada em 2008, a plataforma oferece vídeos, exercícios e planos de estudo personalizados para alunos de todo o mundo.
Khan é uma das vozes mais respeitadas em inovação educacional, frequentemente convidado para eventos globais, como o Fórum Econômico Mundial, TED Talks e entrevistas de destaque como essa na CNN.
A IA na sala de aula: ferramenta, não substituto
Durante a entrevista à CNN, Sal Khan defendeu que a IA deve ser encarada como aliada e ferramenta pedagógica — nunca como um substituto para o professor. Para ele, a tecnologia pode automatizar tarefas repetitivas, oferecer suporte personalizado ao aluno e gerar diagnósticos mais rápidos, mas nunca substituirá a empatia, a intuição e a autoridade humana do professor.
A IA pode:
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Corrigir exercícios automaticamente;
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Sugerir conteúdos personalizados conforme o desempenho do aluno;
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Auxiliar em tarefas administrativas;
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Simular tutores individuais para revisão de matérias.
Mas quem coordena tudo isso? O professor.
“IA como assistente, professor como maestro”
Essa foi a metáfora central usada por Khan. Ele compara a IA a um assistente de confiança, que fornece insights, relatórios e sugestões, mas quem toma as decisões pedagógicas é o professor.
Essa analogia evidencia a visão humanista de educação defendida por Sal: por mais poderosa que seja a IA, ela não tem a sensibilidade necessária para lidar com as nuances humanas da sala de aula, como ansiedade, motivação, cultura local ou conflitos interpessoais.
A Khanmigo: IA na prática educacional
Sal também falou sobre a Khanmigo, uma IA educacional desenvolvida pela Khan Academy com base no GPT (tecnologia similar à do ChatGPT). Essa IA conversa com alunos em tempo real, corrige erros, incentiva a resolução de problemas e nunca dá a resposta final, estimulando o pensamento crítico.
No entanto, o uso da Khanmigo é supervisionado por professores. Os educadores recebem relatórios detalhados do que foi estudado, quais dúvidas surgiram e onde estão as lacunas de aprendizagem. Ou seja, a tecnologia atua como um farol — mas quem guia o barco é o professor.
O medo da substituição: fantasmas que a educação precisa superar
É natural que muitos educadores vejam a inteligência artificial com desconfiança. Em um mundo onde algoritmos criam textos, corrigem redações e explicam álgebra, qual o futuro do professor?
Modelos híbridos: o que esperar da escola do futuro
Segundo Khan, o futuro da educação será híbrido, onde:
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Professores continuarão liderando o processo de ensino;
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A IA apoiará com feedback instantâneo e personalização;
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Estudantes terão mais autonomia, mas sob orientação constante;
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Famílias e escolas atuarão juntas para maximizar o potencial do aluno.
Não se trata de substituir, mas de ampliar o alcance e a eficácia do ensino.
O papel emocional do professor: insubstituível
Além do conteúdo, o professor é um pilar emocional para o aluno. Em tempos de ansiedade, depressão e distrações digitais, ter alguém que acredita, incentiva e acompanha de perto faz toda a diferença.
A IA pode até saber o que o aluno errou, mas só o professor entende por que ele errou — seja por insegurança, pressa ou falta de confiança.
O Brasil e o uso de IA nas escolas
No Brasil, o uso da IA na educação ainda está em fase inicial, mas ganha cada vez mais espaço em escolas privadas e projetos-piloto da rede pública. O MEC já discute formas de regulamentar e capacitar professores para atuar em ambientes digitais integrados com IA.
A fala de Sal Khan é um incentivo poderoso para os educadores brasileiros: não tenham medo da IA — dominem-na, orientem-na e usem-na a seu favor.
Conclusão
A frase “o professor continuará no controle”, dita por Sal Khan, vai além de um argumento técnico. É um lembrete necessário em tempos de mudança: educar é, acima de tudo, um ato humano.
A inteligência artificial está aqui para ficar — e pode, sim, transformar a sala de aula em um ambiente mais eficiente e inclusivo. Mas a alma da educação continuará sendo o vínculo entre professor e aluno.
Se usada com sabedoria, a IA será o instrumento que permitirá que cada educador alcance mais alunos, com mais profundidade, personalização e impacto. O professor não será substituído — será empoderado.
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