Apostas online atrasam entrada na faculdade e comprometem o futuro de milhares de jovens. Descubra como o vício em jogos afeta o desempenho escolar e o que pode ser feito para prevenir.
Cenário atual do vício em apostas online entre jovens
As apostas online se tornaram uma prática comum entre jovens brasileiros, especialmente após a popularização de plataformas esportivas, cassinos virtuais e jogos de azar integrados a aplicativos e redes sociais. Esse comportamento, antes visto como entretenimento, vem se configurando como um novo tipo de vício comportamental, com impacto direto na vida acadêmica.
Popularidade das plataformas e crescimento acelerado
Nos últimos três anos, o Brasil viu um aumento de mais de 240% no número de usuários ativos em sites de apostas, segundo levantamento da SimilarWeb. Estudantes do ensino médio e universitário representam uma das faixas mais engajadas, especialmente por campanhas publicitárias voltadas a esse público.
Perfil dos apostadores e fatores que contribuem ao vício
Entre os fatores que explicam o envolvimento de jovens com apostas estão:
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Promessa de lucro fácil;
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Influência de amigos e influenciadores digitais;
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Falta de regulação e controle parental;
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Estresse escolar e ansiedade, usados como gatilhos para a fuga emocional.
Como as apostas online afetam a vida acadêmica
Distração, perda de foco e queda no rendimento escolar
Estudantes que desenvolvem compulsão por apostas relatam:
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Horas gastas em jogos online durante as aulas;
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Redução significativa da atenção e da motivação para estudar;
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Troca de prioridades: a busca pelo “lucro rápido” se sobrepõe ao investimento acadêmico.
Depressão, ansiedade e abandono dos estudos
A frustração com perdas constantes, dívidas e fracos resultados em provas gera:
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Quadros de depressão;
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Ansiedade de desempenho escolar;
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Abandono temporário ou definitivo da escola ou faculdade.
Casos reais de estudantes prejudicados
Jovens que perderam o Enem, bolsas ou vestibulares
Relatos como o de Pedro*, 18 anos, de Goiânia, que perdeu a inscrição do Enem porque gastou o valor com apostas, se tornam cada vez mais comuns.
Outra jovem, Luísa*, deixou de renovar a bolsa integral do ProUni por falta de frequência após passar noites em cassinos online.
(*Nomes fictícios para preservar a identidade)
Relatos de famílias e educadores sobre o impacto emocional
Pais e professores notam mudanças súbitas no comportamento:
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Isolamento social;
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Irritabilidade;
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Baixa autoestima;
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Falta de interesse por atividades acadêmicas ou sociais.
Relação entre apostas online e evasão escolar
Dados de evasão no ensino médio e superior vinculados ao vício
Embora ainda escassos, estudos iniciais conduzidos por instituições como o Instituto Ayrton Senna e a UnB indicam que o envolvimento com apostas online está emergindo como um novo fator de evasão. Entre os estudantes de baixa renda, a promessa de enriquecimento imediato leva muitos a abandonar ou negligenciar os estudos.
O ciclo da ilusão de enriquecimento rápido
O vício se perpetua por meio de ciclos como:
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Primeiros ganhos que geram euforia;
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Perdas sucessivas que incentivam apostas maiores para “recuperar” o dinheiro;
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Acúmulo de dívidas e isolamento;
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Desistência da faculdade como consequência do desânimo e das consequências financeiras.
O papel das redes sociais e influenciadores
Como influenciadores promovem plataformas de apostas
A presença de apostas nas redes sociais se dá por:
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Influenciadores que exibem “ganhos” diários;
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Publicações patrocinadas com bônus e cupons;
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Conteúdo que romantiza a ideia de ganhar dinheiro sem esforço.
Publicidade agressiva e ausência de controle
Atualmente, não há regulamentação eficaz que:
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Limite a exibição de publicidade de apostas a menores de idade;
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Exija transparência sobre os riscos do jogo compulsivo;
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Impeça que influenciadores digitais façam propaganda disfarçada de “conteúdo de vida real”.
Consequências financeiras e psicológicas
Dívidas, endividamento familiar e conflitos pessoais
Muitos jovens chegam a:
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Utilizar cartões de crédito da família sem autorização;
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Contrair empréstimos rápidos ou vender objetos pessoais;
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Envolver pais ou responsáveis em crises financeiras inesperadas.
Distúrbios de comportamento e compulsão
Estudos da Fiocruz e de universidades federais revelam que:
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O vício em apostas online compartilha mecanismos cerebrais com o uso de drogas;
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Afeta a tomada de decisão, a regulação emocional e os vínculos afetivos;
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Pode levar ao transtorno de jogo compulsivo, reconhecido pela OMS.
Legislação brasileira sobre apostas online
O que diz a lei, onde está o vácuo jurídico
Até 2023, o Brasil não regulava efetivamente as apostas esportivas online. Com a aprovação da Lei 14.790/2023, houve:
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Legalização parcial das apostas de quota fixa;
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Autorização para empresas operarem mediante pagamento de taxas ao governo;
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Falta de mecanismos claros para proteger menores de idade e estudantes.
Propostas de regulação e responsabilidade das plataformas
Em discussão no Congresso:
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Proibição de publicidade de apostas em horário escolar;
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Exigência de alerta de vício nas plataformas;
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Penalização de influenciadores que promovem jogos a menores.
Medidas preventivas nas escolas e universidades
Palestras, orientação pedagógica e apoio psicológico
Algumas redes de ensino têm:
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Promovido semanas temáticas sobre saúde mental e riscos do jogo;
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Incluído psicólogos educacionais em seus quadros permanentes;
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Criado espaços de escuta e acolhimento para jovens em situação de risco.
Programas de prevenção a comportamentos de risco
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Parcerias com ONGs e centros de apoio;
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Integração com as famílias;
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Uso de plataformas pedagógicas que abordam o tema com empatia e ludicidade.
O que dizem especialistas em educação e saúde mental
“As apostas online são uma nova droga digital. Precisamos atuar rápido para não perder uma geração.”
— Renato Janine Ribeiro, filósofo e ex-ministro da Educação
“O jogo entra como alívio da ansiedade, mas se torna um gerador de estresse contínuo.”
— Dra. Juliana Amaral, psicóloga especialista em adolescência
“Educação midiática e financeira nas escolas é uma medida urgente para proteger os jovens.”
— Prof. Cláudio Andrade, pedagogo
Exemplos internacionais e campanhas de conscientização
Iniciativas no Reino Unido, Austrália e Canadá
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O Reino Unido implementou políticas rígidas para impedir que menores de 18 anos acessem plataformas de apostas;
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A Austrália investe em campanhas de mídia com mensagens de alerta em locais públicos;
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O Canadá apoia programas escolares que ensinam a diferença entre investimento, jogo e aposta.
Resultados positivos de ações educativas
Essas ações resultaram em:
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Redução de 35% na adesão a apostas entre jovens de 14 a 17 anos no Reino Unido;
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Aumento da procura por ajuda psicológica em estágios iniciais do vício;
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Crescimento de denúncias contra publicidade abusiva.
A atuação do governo e de órgãos de regulação
Ministério da Educação, Saúde e Justiça
Esses ministérios devem atuar de forma integrada para:
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Mapear o impacto educacional das apostas online;
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Lançar campanhas nacionais de prevenção;
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Apoiar estados e municípios com formação de professores e psicólogos escolares.
Propostas legislativas em tramitação
Projetos de lei em análise preveem:
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Restrições mais severas à publicidade de apostas;
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Inclusão do tema nos currículos escolares;
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Fiscalização das plataformas que operam sem licença no Brasil.
Responsabilidade das plataformas e empresas de apostas
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As empresas devem implementar filtros etários e sistemas de autoexclusão;
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Precisam informar os riscos de vício de forma clara;
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Devem ser responsabilizadas por permitir o acesso indevido de menores e estudantes.
Alternativas para estudantes saírem do ciclo de vício
Tratamentos, grupos de apoio e acolhimento
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Psicoterapia cognitivo-comportamental;
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Grupos como Jogadores Anônimos;
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Atendimento gratuito em CAPS e centros universitários de psicologia.
Apoio familiar e reconstrução da trajetória acadêmica
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Reconstruir o vínculo com a escola;
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Retomar metas educacionais com apoio pedagógico;
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Estimular hábitos saudáveis e convivência positiva.
FAQ - Apostas online e impacto na educação
1. Como as apostas online afetam o desempenho escolar?
Geram distração, ansiedade, prejuízo financeiro e até evasão escolar.
2. É crime apostar sendo menor de idade?
Sim. É ilegal e as plataformas devem impedir esse acesso.
3. As universidades estão tomando medidas?
Algumas sim, com ações preventivas e acolhimento psicológico.
4. A propaganda de apostas é permitida?
Ainda é pouco regulamentada, mas está em debate no Congresso.
5. Existem programas de ajuda gratuitos?
Sim. CAPS, ONGs e universidades oferecem apoio psicológico.
6. Como as famílias podem ajudar?
Acompanhando os hábitos online, dialogando e buscando orientação.
Conclusão
O fato de que apostas online atrasam entrada na faculdade mostra que estamos diante de um desafio urgente e multifatorial. O futuro de milhares de jovens depende da regulação eficaz, do apoio escolar e familiar e de políticas públicas comprometidas com a saúde mental e o direito à educação.
Combater o vício em apostas é, acima de tudo, garantir que os sonhos não sejam trocados por promessas ilusórias de dinheiro fácil.
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